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Aprenda a identificar depressão em cada fase da vida:

Falar sobre depressão pode não ser fácil, mas é necessário. Quanto mais de debate sobre o tema, mais fácil fica que a população aprenda como identificar depressão, e passe a tratá-la como uma doença, e que precisa de tratamento adequado.

Esse conteúdo visa contribuir para a discussão sobre a depressão enquanto doença séria, e que apresenta um conjunto de sintomas de acordo com o tipo de depressão. Contudo, não é um incentivo ao autodiagnóstico ou automedicação. Se você se identificar com algum dos sintomas, procure ajuda profissional.
 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem com a doença, e a maioria delas são mulheres. A questão é que nem todos conseguem enxergar a depressão como a doença grave que ela é, muitas vezes não percebendo em si os sinais. 

Conhecer os sintomas comuns da depressão em cada fase da vida ajuda na hora de identificar o que está se passando na própria vida ou na de pessoas próximas.

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Como identificar depressão em crianças

Em Divertida Mente, filme de animação da Disney-Pixar, é possível ver um exemplo de como funciona o cérebro de uma criança. O principal foco do filme é divertir o público infantil, mas também é capaz de deixar qualquer adulto mais atento aos sentimentos de uma criança. 

Segundo especialistas, a infância é onde os pais ou responsáveis têm mais dificuldade de perceber sintomas depressivos. De um lado é porque existe uma parcela que acredita na necessidade de um trauma grave e específico para causar a depressão, ignorando fatores genéticos e ambientais. Do outro, é porque facilmente a depressão infantil pode ser confundida com outras doenças e sintomas, como até mesmo a falta de vitaminas.

Entre os principais sintomas da depressão estão a irritabilidade, agitação, diminuição do rendimento escolar, dores abdominais e na cabeça, falta de apetite, fobia, retraimento social e até desejo de morte. O último dos citados é o que geralmente choca os pais, mas ele indica uma gravidade maior no quadro. 
Muitas vezes os sintomas costumam ser associados com a falta de alimentação correta e baixa ingestão de vitaminas, levando os responsáveis a procurar a suplementação alimentar antes de procurar um médico.

A instabilidade emocional também é um quadro presente em algumas fases da vida, como as reações explosivas que podemos ver na personagem Riley Anderson, no filme Divertida Mente. Conhecer a reação do cérebro diante de algumas situações nos faz perceber a importância de cada emoção, e a linguagem do filme faz com que as crianças entendam isso.

É vital prestar atenção na rotina da criança para perceber se ela não está sofrendo bullying, por exemplo. Se passou por algum trauma recente, violência doméstica ou sexual, privação de sono, abandono emocional, mudança drástica de rotina ou ciclo social e afins, é necessário que ela receba apoio e tenha a presença de um profissional na sua rotina.

Em Divertida Mente vemos a situação de desequilíbrio emocional com uma causa clara: uma grande mudança. E com base em memórias e traumas, essa mudança acaba afetando o comportamento de Riley. 

Quando a Alegria e a Tristeza, as emoções personificadas, saem do cérebro para resolver outros problemas, a Raiva, o Nojinho e o Medo influenciam diretamente no comportamento de Riley. 
Isso nos lembra situações onde deixamos certos sentimentos e pensamentos de lado para resolver nossas questões, e mostra a necessidade de um equilíbrio entre as emoções. Exatamente o que não existe na depressão.

Isso pode acontecer com qualquer criança, mas o que está em volta dela é o que faz toda a diferença. Poder contar com alguém da família para conversar sem julgamentos, ter suporte na escola, alimentação de qualidade e praticar esportes são as melhores alternativas para tratamento, além da terapia indicada pelo profissional habilitado.

 

Adolescência: lidando com hormônios e traumas

Essa é a fase da vida onde é mais fácil perceber qualquer mudança drástica no humor e na rotina de um adolescente, mas o grande problema é a confusão da depressão com mudanças hormonais e reações a episódios traumáticos. 

É dos 12 aos 18 anos que a pessoa ainda está sob a responsabilidade de alguém que, com atenção, pode notar o que é da personalidade do jovem e o que pode significar alterações. 
Nessa idade os adolescentes podem variar entre fácil irritabilidade, isolamento social, inquietação, consumo de drogas, cansaço, dormir muito sem se sentir descansado, idealização e realização de atos suicidas.

É papel dos pais e dos responsáveis estar atento ao comportamento do adolescente, buscando sempre o diálogo. Estar inserido na rotina do adolescente não se resume a cobranças sobre notas ou sobre decisões profissionais para o futuro. 

É estar presente na hora das refeições, saber qual a comida favorita do filho(a), entender que o gosto musical dele não precisa ser igual ao seu, saber impor limites, entre tantas outras coisas.

É sempre contar a verdade, e ensinar sobre a importância de compartilhar frustrações e medos. Quando um adolescente cresce em um ambiente com relações transparentes, em que pais dão o exemplo, a tendência é de que ele sinta que pode contar com os pais, e converse com eles sobre assuntos importantes – como a saúde mental.

>>> Leia mais: Setembro Amarelo: séries e filmes que debatem sobre o suicídio

 

Depressão na vida adulta: como identificar

Quanto maior a responsabilidade e pressão enfrentada, maior a chance da pessoa desenvolver um transtorno mental. O problema é que o indivíduo costuma não entender porque isso está acontecendo, ou não se dá conta. Isso acaba retardando a busca por ajuda.

Consumir conteúdos de outras pessoas que lidam com a depressão pode ajudar na hora da pessoa entender que o “você não está sozinho(a)” pode significar também que os sintomas que você sente são iguais aos de outra pessoa, que você não está “doido(a)”, ou inventando coisas, nem é preguiçoso(a) ou ingrato(a). Significa que você é humano, que enfrenta dificuldades e que não é menos valioso por pedir ajuda.

A YouTuber Vanessa Lino contou sua história de vida, sobre os sentimentos dela em relação a sua rotina com a depressão. É importante ressaltar que esse conteúdo não é um incentivo ao autodiagnóstico, mas sim ser um incentivo para que as pessoas não tenham medo de compartilhar suas dificuldades, e que busquem ajuda. É a história de alguém diferente de você, mas que sente várias coisas que você pode estar sentindo.

 


Também existem vários filmes que abordam a depressão nessa fase da vida, e podem ajudar outras pessoas no processo de entender os sintomas, ou até na hora de abrir os olhos de quem não tem depressão.

Lidar com a família, problemas no trabalho e nos relacionamentos pode levar qualquer adulto ao seu extremo. Em “Melancolia”, de Lars Von Trier, é possível conhecer traços da depressão nessa faixa etária. 

Nos personagens identificamos emoções do cotidiano e como elas podem influenciar quem somos. Emoções pesam sobre as escolhas, e com a depressão tudo fica pior.

Na idade adulta a autocobrança pelo sucesso profissional e pessoal também acaba dominando algumas situações, o que lembra a personagem Gaby, mãe da protagonista do filme. Se por um lado algumas pessoas abandonam a vida pessoal para se doarem para a família, outras se dedicam ao extremo para alcançar objetivos, e fracassos podem causar traumas.

Os sintomas costumam ser muitos, e não aparecem todos ao mesmo tempo. Apatia, desmotivação, fobias, falta de concentração, problemas com memória, altos níveis de ansiedade, irritabilidade e angústia, sensação de vazio, insônia e falta de libido são alguns deles.

Outros exemplos de como essa doença afeta várias áreas da vida estão em filmes como “Ela”, dirigido por Spike Jonze e vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original; e “Beleza Americana”, vencedor de cinco Oscars.

 

Depressão na terceira idade e o peso da frustração

Ainda em 2013, antes da popularização da internet e o crescente número de gatilhos que influenciam os jovens, a Pesquisa Nacional de Saúde identificou que 11,2 milhões de brasileiros já sofriam de depressão. Destes, 11% eram idosos de 60 a 64 anos. E foi com dados de pesquisas realizadas no mundo inteiro que a OMS classificou a depressão como “a doença do século”.

Na terceira idade a depressão passa a ser a mais difícil de ser diagnosticada por uma simples tendência do comportamento social. Existe uma característica cultural de acreditar que o idoso, por ser idoso, deve se retrair e só querer descansar, e que se ele só faz isso é porque é natural. 

Daniel Barros, professor colaborador do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e médico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, fala sobre os estereótipos que existem sobre o comportamento dos idosos, e que podem atrapalhar o diagnóstico da depressão.

 

 

Como alguém que já passou por muita coisa nessa vida, uma pessoa idosa costuma ser mais retraída em falar sobre os seus sentimentos. Ela acaba, por costume, diminuindo a dimensão dos males que a desestabilizam emocionalmente. Ao perceber algum idoso apresentando sintomas, o ideal é procurar um profissional especializado na população idosa para tratar do assunto. 

Nessa etapa da vida, a viuvez é uma das principais causas da depressão. A pessoa sente que perdeu o sentido da vida ao perder seu companheiro. E então passa a achar que se retrair socialmente é sua alternativa, como alguém que já espera pela sua hora de partir. 

Para quem tem necessidade de uso de fralda geriátrica pode ser pior ainda, pois a vergonha diminui a vontade do contato social.

É possível ter um contato mais próximo com essa realidade através do filme “As Horas”. Seu elenco de peso conta com Meryl Streep, Nicole Kidman e Julianne Moore, e narra a relação próxima da protagonista com a depressão, viuvez e suicídio.

Falar sobre aflições e angústias é necessário, assim como debater sobre a depressão, o suicídio e todas as doenças que afetam a saúde mental. Acabar com o tabu que cerca os transtornos mentais é uma das formas de garantir que ninguém que esteja enfrentando a doença acabe por se sentir sozinho, julgado e excluído. Quando alguém está gripado, ninguém vai dizer que é frescura e que se a pessoa pensar positivo vai se curar. Então por qual motivo alguém fala isso para quem tem depressão?

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